domingo

NA LAMA OU NO BREJO, QUEM REINA É A DONZELA DE FERRO

Autódromo de Interlagos, São Paulo
15/03/09 




IRON MAIDEN SOMEWHERE BACK IN TIME TOUR


Texto: Rozineide M. Cruz – a Crug
Fotos: Divulgação

Distância, escuridão, grama, lama, brejo, um vale e uma longa caminhada. Grades que caem e outras que dividem a pista, que deveria ser igual para todos, em simples e espaço ingresso vip inflacionado, já que a lama "estava em todos". Entrada confusa e saída catastrófica. As imagens arrebatadoras da galera alagada derrubando grades pra formar uma arquibancada improvisada numa subida á esquerda da pista dividia o sentimento entre desesperador e hilário. Esse era o cenário para o mega show do IRON MAIDEN. De curiosidade, como sempre, tinha aquelas que caem de balão num show de metal de calça branca e salto agulha! Fala sério!

Enfim, essa coluna era pra falar só do show do Iron Maiden. Cá pra nós, novamente, “o show”, com certeza estará na lista dos melhores de 2009. Claro, teve um “probleminha” com o baixo do Steve Harris, os telões ficaram com a imagem um pouco prejudicada durante todo o show, o qual, atrasou cerca de 1 hora por conta da chuva que despencou na cidade durante á tarde. Mas quem liga? Principalmente, depois que “o porta voz” da banda subiu no palco e mandou essa: “... O Iron Maiden veio até aqui para dar a vocês o melhor show do mundo, por isso, todos os integrantes da banda decidiram só subir ao palco quando todas as pessoas que ainda se encontram do lado de fora estiverem aqui dentro do autódromo. É isso que vocês merecem, é isso que vão ter...” Sem comentário. 


Vamos ao show. Bem que no encerramento da turnê “Somewere Back in Time” poderia ter rolado maiores novidades, já que a propaganda foi enorme; o que podemos destacar é o palco que ficou maior, com um cenário mais elaborado, porém, já conhecido, inspirado nas pirâmides do Egito, sarcófagos de faraós, o cão ilustrando a música “Number of The Beast”, explosões de fogos no palco e o “Eddie” em versão gigantesca.



Tudo em versão ampliada, mas não muito diferente do que a banda apresentou na sua última passagem por aqui há um ano. 


 A interpretação dramática, a voz aguda cortante, por vezes ensandecida do “front man” Bruce Dickinson; o simpático e muito competente batera Nicko; o sincronismo afinadíssimo do “power trio” das guitarras Dave, Adrian e Janick, tudo igual e perfeito. 
























Mas e daí? Para os milhares de fãs da banda, isso não quer dizer nada. Fãs não, seguidores. Sim, porque para eles “Iron Maiden” não é uma simples banda de heavy metal, é paixão, religião, algo que contagia – isso eles garantem – até quem não gosta do gênero. E, como toda paixão é cega e, religião não se discute, a “Donzela de Ferro” não precisa inventar nada de novo pra se manter no topo e nem tem que provar mais nada pra ninguém.





Tudo certo, mas como dissemos no início: “Essa coluna era só pra falar do show”. Era. Mas não dá. Diante de fãs imensamente fieis, que compareceram em massa ao Autódromo de Interlagos neste domingo – cerca de 65.000 sessenta e cinco mil pessoas, maior público do Iron Maiden fora festivais que eles tenham participado –, não nos é possível fechar os olhos para tamanho desrespeito. É preciso que organizadores e produtores de mega shows internacionais e, até mesmo os realizados em locais menores, justifiquem o preço amargo dos ingressos – que nos últimos anos subiram numa escala inflacionária desenfreada – com atitudes. É preciso e justo dar á esse público uma estrutura decente que corresponda à necessidade de quem vai a um show. O Brasil já está na rota dos shows internacionais á mais de vinte anos; durante esse tempo tudo mudou. Veio a tecnologia e com ela a organização, a evolução. Não para o público. Aquele que na maioria paga com suor o seu ingresso. Woodstock foi maravilhoso! Mas, não estamos mais na era “hippie”, quando um show podia ser marcado numa fazenda e todos ficavam felizes debaixo de chuva e muita lama. 







Será que é tão difícil implantar aqui o mesmo tratamento dado ao público lá fora? Cobertura total do piso da pista, boa sinalização, segurança dentro e fora do local bem esquematizada, preocupação com a higiene dos banheiros antes, principalmente durante e depois do show, cadeiras e arquibancadas numeradas, confortáveis e seguras; atenção com a locomoção e os horários – os locais precisam ser próximos de estacionamentos e ter fácil acesso ao transporte público; lembrando que, os shows deveriam terminar uma hora e meia antes da paralisação de trens, metrô e algumas linhas de ônibus, ou seja, antes da meia-noite. Isso é o mínimo. Não é justo criar áreas VIPS, PREMIUM, cobrar os tubos por um ingresso e o resultado ser “cosi cosi” ou seja, serviço meia boca.
Nos desculpem, mas será que uma mega cidade como São Paulo não tinha disponível nessa data um outro local para a realização do show que comportasse o mesmo público ou até mais, para alegria dos organizadores, e que fosse mais adequado para esse tipo de evento? Nada contra, mas Autódromo deve servir para corridas e eventos esportivos à luz do dia. Show nessa pista não rola. Com chuva então!





Pelo bem dos fãs e de todos os envolvidos em eventos desse porte, esperamos que organizadores e produtores deixem de visualizar somente os lucros – bons lucros, diga-se de passagem – e, pensem mais com carinho no público pagante que garante o espetáculo. Vamos pensar nisso?

Vida longa ao Iron! 

E afinal, o que estava fazendo o Chitãozinho no show do Iron Maiden? Alguém viu? Se a moda pega...













































THE END

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